terça-feira, 29 de novembro de 2016

Cervejaria Artesanal - Microcervejaria - artigo 04

A microcervejaria é uma pequena cervejaria com instalações que permitem a produção de cerveja em pequenas quantidades para consumo no local ou envasamento efetuado em barris de aço inox (KEG) ou garrafas de vidro.

As capacidades de produção variam geralmente entre 10 e 20 hl (mil a 2 mil litros) por cozimento e, dependendo do porte, podem produzir volumes que oscilam entre dezenas de milhares de litros a algumas centenas de milhares de litros de cerveja por ano. 
Seus equipamentos e instalações permitem produzir qualquer tipo de cerveja de baixa ou alta fermentação.

O processo de produção de cerveja
O processo se inicia com a moagem do malte.
O malte moído é solubilizado com água cervejeira na Tina de Mostura, onde ocorre uma série de ações enzimáticas - principalmente a açucaração do amido do malte.

Esta mostura é então filtrada na Tina de Clarificação, onde se separa a fase sólida (bagaço) da fase líquida (mosto).

O mosto daí resultante é fervido com adição de lúpulo no Cozinhador de Mosto, onde são definidas certas características de qualidade.

O mosto quente é então bombeado para o Whirlpool, onde determinadas partículas indesejáveis – trub - são eliminadas.

O mosto límpido é bombeado através de um resfriador de placas (Resfriador de Mosto), é aerado e recebe uma dosagem de levedura cervejeira e vai para o Tanque de Fermentação e Maturação, onde é fermentado e maturado e adquire características de cerveja.

Esta cerveja é então filtrada (Filtro de Cerveja) e armazenada no Tanque de Cerveja Filtrada, de onde pode ser consumida diretamente, quando servida através de chopeira ou indiretamente, quando envasada em barris, latas ou garrafas.

Equipamentos utilizados na microcervejaria
Podemos dizer que uma microcervejaria não difere muito de uma cervejaria grande, com relação ao processo e equipamentos. 
As maiores diferenças residem no fato de que muitas microcervejaria não necessitam de filtração e envasamento (embarrilamento e engarrafamento).
O grau de automação é sensivelmente menor do que nas cervejarias maiores e limita-se aos agregados, como por exemplo, na geração de vapor e água gelada. 
O trabalho manual permite maior individualidade no processo de produção de cerveja e consequentemente no aroma e paladar da cerveja, que é a principal diferença entre a microcervejaria e a cervejaria de grande porte. 
As exigências tecnológicas com relação à estabilidade físico-química da cerveja são menores, o que permite uma instalação mais simples.

Recepção de malte e moinho de malte
O malte é normalmente fornecido em sacos ou a granel, e então, estocado em silos.
A moagem é efetuada em moinhos de dois cilindros (rolos), que possuem dispositivos de segurança contraexplosões e permitem regulagem para adaptar-se ao tipo de malte utilizado.
A alimentação do moinho com malte pode ser mecânica, pneumática ou manual. 
A capacidade de moagem varia entre 300 e 700 kg/h.

Sala de Cozimento
Os equipamentos da sala de cozimento apresentam-se sob a forma convencional de dois equipamentos (Tina de Mostura + Cozinhador de Mosto conjugados e Tina de Clarificação acoplada ao Whirlpool) e de equipamentos compactos montados em estruturas metálicas.

Os equipamentos são construídos em aço inox AISI 304 e devido ao atrativo visual, muitos cervejeiros optam por equipamentos revestidos em cobre polido.

Os volumes por cozimento geralmente oscilam entre 500 e 2,5 mil litros.
Os sistemas de aquecimento e fervura podem ser através de aquecimento direto por chama (queima de gás e óleo) ou elétrico. Os sistemas indiretos atuam através de vapor ou água quente, como nas cervejarias convencionais. 
Possuem a vantagem de oferecer um controle maior de temperatura e não afetam a mostura, o mosto e as superfícies de contato, sendo, no entanto, mais caros do que os demais.

Para um aproveitamento melhor do calor gerado na sala de cozimento, utiliza-se um condensador de vapor para a condensação do vapor do cozimento do mosto, atendendo também a legislação ambiental de emissão de odores. 
A filtração da mostura é feita de modo convencional, por meio da tecnologia da tina de clarificação com seu fundo perfurado.
O cozimento do mosto é feito entre 60 e 90 minutos.
O mosto é resfriado através de trocador de calor de placas de dois estágios, onde no primeiro estágio o mosto é pré-resfriado com água da rede no contrafluxo e no segundo estágio, com água gelada a cerca de 0°C ou menos. Um cilindro de ar estéril pressurizado fornece o oxigênio necessário para a aeração do mosto frio.
Os motores elétricos dos agitadores e da máquina de afofar bagaço podem ser controlados por inversor de frequência, inclusive as bombas. Uma unidade de controle permite monitorar e controlar à distância as principais operações da Sala de Cozimento.

Tanques de fermentação, maturação e cerveja filtrada
Os processos de fermentação e maturação da cerveja na microcervejaria são idênticos aos de uma cervejaria maior. A estocagem da levedura é feita em tinas de aço inox, que possuem refrigeração.
O número e volume dos tanques de fermentação e maturação devem ser calculados em função do número de cozimentos por semana.
As microcervejaria podem optar por tanques cilindro cônicos verticais de fermentação e maturação, ou também por tanques abertos para a fermentação e tanques horizontais fechados para a maturação.

A refrigeração dos tanques é feita individualmente para cada tanque, permitindo grande flexibilidade de operação, utilizando água gelada (0°C) ou outro tipo de solução - como água e álcool a -2°C ou -3°C. A vantagem da utilização de tanques de cilindros cônicos verticais é a possibilidade de automatização, assim como a maior facilidade de operação e limpeza, permitindo inclusive a redução do tempo de processo.

Os tanques são construídos para pressões de trabalho em torno de 1 bar (fermentação e maturação) e até 2 bar para os tanques de cerveja filtrada. Os tanques de cerveja filtrada também possuem camisa de refrigeração.
A limpeza e desinfecção dos tanques e tubulações é normalmente feita por meio de uma instalação CIP semi-automática, que normalmente opera com a perda da solução sanitizante. Uma unidade de controle permite monitorar e controlar à distância as temperaturas dos tanques de fermentação e maturação e também dos tanques de cerveja filtrada.

Filtro de cerveja
Para a filtração da cerveja, utiliza-se filtro de terra diatomácea de pré-camada com placas horizontais. O conjunto é composto basicamente de um vaso de pressão onde se encontram instalado as placas filtrantes, um tanque de preparação e dosagem de terra diatomácea (com agitador e bomba dosadora) e uma bomba centrífuga de cerveja.
Geralmente são montados em estruturas móveis, que permitem maior flexibilidade de operação.

Envasamento da cerveja
Muitas microcervejaria optam por embarrilar ou envasar suas cervejas para poderem atender o mercado consumidor. As máquinas para embarrilar podem variar desde simples enchedoras até máquinas totalmente automáticas para lavagem e enchimento de barris KEG (volumes de 10 a 50 litros).
As enchedoras de garrafas (geralmente de 355 ml ou 600 ml) são semi-automática e muitas vezes são compostas de três sistemas acoplados: enxaguadora (rinser), enchedora e arrolhador.

A área de utilidades
Para que a microcervejaria possa operar, é necessária uma área de utilidades, que congrega uma série de equipamentos necessários para o bom funcionamento da fábrica.

Os principais equipamentos são o gerador de vapor, que fornece o vapor necessário para o aquecimento da sala de cozimento, para a lavadora de barris e para o pasteurizador no engarrafamento. Outro equipamento utilizado é o gerador de água gelada, que fornece o frio necessário para o resfriamento do mosto e dos tanques de fermentação e maturação. Ele possui compressores frigoríficos e um tanque de solução hidroalcoólica, geralmente resfriada a - 4ºC.
Por fim, o compressor de ar fornece ar comprimido para o acionamento das válvulas pneumáticas e controladora de vapor da sala de cozimento e também para os equipamentos da linha de envasamento e embarrilamento (lavagem e enchimento de barris).

As microcervejaria, mesmo sendo unidades de produção de pequeno porte, possuem estrutura e controles que permitem elaborar praticamente qualquer tipo de cerveja, obedecendo aos rígidos padrões de qualidade cervejeiros.
Cada projeto de microcervejaria deve levar em consideração as características individuais de cada componente e também do desempenho do conjunto completo. Isso se torna possível quando os profissionais envolvidos na produção da cerveja são devidamente qualificados (capacitados e treinados) para executar a multiplicidade de tarefas necessárias para produzir cervejas de elevada qualidade.

Por Mathias Reinold é mestre cervejeiro e tem experiência em gerenciamento de processos de produção da cerveja e implantação de sistema de qualidade.

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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Maturação - artigo 03

Consiste no armazenamento da cerveja fermentada a baixa temperatura durante um determinado período de tempo.

Uma fermentação lenta, também chamada de fermentação secundária, ocorre na cerveja, proporcionando a clarificação por precipitação das leveduras e proteínas, assim como de sólidos solúveis.

Além destas, ocorrem alterações químicas que auxiliam a clarificação e melhoram o aroma e sabor.
Ao iniciar-se a maturação, a maior parte dos açúcares foi metabolizada a álcool etílico, gás carbônico, glicerol, ácido acético e álcoois superiores.

As importantes funções da maturação são: clarificação e maturação do sabor.

A carbonatação é feita por contrapressão no próprio tanque de maturação com o gás carbônico produzido na fermentação do extrato restante da etapa anterior, que satura a cerveja e conseqüentemente ajuda na formação da espuma, do seu corpo e caráter.

O gás carbônico produzido é suficiente para fornecer à cerveja o teor quase correto, sendo somente corrigido após a filtração para uma padronização das produções.

A clarificação, depois da fermentação, é fundamental, pois a cerveja se apresenta extremamente turva devido a presença de leveduras (até 10 milhões de células por ml).
Esta turbidez é reduzida, pois com o resfriamento (temperatura de 0°C e pressão controlada) há uma sedimentação do fermento e substâncias turvadoras (partículas de baixo peso molecular) por gravidade clarificando a cerveja.

Esta clarificação será depois aprimorada pela filtração, onde a cerveja sofrerá o polimento final.
Na maturação do sabor ocorrem três reações que tem grande influência sobre o sabor do produto final: a redução na concentração de ácido sulfídrico, de acetaldeído e de diacetil. Todos estes compostos são produtos da fermentação pela levedura. Podem ser minimizados mediante a menor temperatura de fermentação, a seleção da levedura e a composição do mosto.

Álcoois superiores e ácidos graxos se formam durante a fermentação e não se modificam significativamente durante a maturação.
O álcool amílico pode aumentar durante o repouso prolongado. Os ésteres aumentam na mesma proporção que se produz etanol. Durante o período de maturação são formados ésteres dando origem ao aroma e sabor que caracterizam a cerveja "madura". Entre os ésteres predominam o acetato de etila em média de 21,4 mg/L e o acetato de amila com 2,6 mg/L.

A duração da maturação está diretamente relacionada com o tipo de cerveja. As escuras, normalmente, com mosto mais concentrado necessitam de mais tempo de maturação pois existe uma quantidade maior de extrato a ser assimilado. O tempo de maturação está também relacionado com a temperatura. Adegas com baixas temperaturas necessitam de um tempo maior para a atenuação dos extratos. Por outro lado, altas temperaturas na maturação ocasionarão problemas com a espuma, paladar e estabilidade da cerveja.
A maturação dura entre 5 e 15 dias dependendo do tipo de cerveja, a uma temperatura de 0°C, podendo atingir no máximo 3°C.

Após e fermentação sua cerveja deve repousar em uma temperatura inferior a da fermentação - Se você fez uma cerveja:

Ale
A maturação é tipicamente de 10 a 15 graus célsius abaixo da temperatura de fermentação. Por exemplo, se sua fermentação ocorreu a 20 graus, sua maturação será feita e em 10 graus.

Lager
A fermentação deve ficar entre 8 e 12 graus célsius a maturação recomendada é em torno de 5 graus.
Nestas temperaturas suas leveduras ainda “trabalharão” reabsorvendo alguns componentes e sua cerveja também eliminará alguns compostos que a tornarão melhor.

A pergunta natural que surge é: Quanto tempo devo deixar a cerveja maturando nesta temperatura? Não temos uma regra fiel para isso, mas o tempo mínimo recomendado seria de 7 a 10 dias.

Após este período de 7 a 10 dias com a temperatura adequada abaixamos a temperatura de maturação para zero grau, por alguns pouco dias (tipicamente 5 dias), para um único objetivo: clarificar a cerveja.
Nesta temperatura a levedura ficará totalmente inativa e a decantação de levedura para o fundo do fermentador aumenta consideravelmente tornando sua cerveja mais límpida. Caso não consiga baixar tanto a temperatura basta deixar sua cerveja maturando com temperatura de maturação (como falamos lá em cima) por mais dias. Ou seja, maturação longa, também clarifica cerveja ou você coloca a cerveja a zero grau por uns 5 dias.
Maturação - Existem diversas maneiras e técnicas.

Mas classicamente o que fazemos (para os cervejeiros que usam baldes como fermentadores) é:
1 - No fim da fermentação, abrir o fermentador e colocar a cerveja em outra balde
2 - Porém esta transferência NÃO pode levar a lama de fermento que tem no fundo do balde fermentador.

Ou seja, ao transferir a cerveja para o “Maturador” não devemos colocar a lama que tem no fundo do balde fermentador. Como fazer isso? Despejamos devagar, bem devagar, para outro balde, ou usamos um sifão para isso.
Só após a maturação sua cerveja estará pronta para ser envasada. Porém após a maturação você notará que ainda tem uma quantidade razoável de fermento no fundo do balde.

E este fermento tem de ser descartado também. Se você faz o priming direto na garrafa (ou seja coloca o açúcar invertido ou só açúcar direto na garrafa) encha suas garrafas com cerveja sem levar o fermento do fundo do balde. 
Geralmente seu balde tem uma torneira, que fica numa altura superior a esta lama, então não haverá problema. Porém se você adiciona o açúcar invertido direto no maturador para envasar depois, transfegue a cerveja para outro balde antes de adicionar o priming, isto para não ter esta levedura residual em excesso na hora do envase.

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Mosto e Brassagem - Temperaturas - artigo 02

Temperatura
Este é mais um parâmetro a ser levado em consideração quando fazemos a brassagem. 
Cada enzima atua melhor numa faixa de temperatura. 
Sucintamente, quatro são as faixas de temperatura mais importantes, para trabalharmos as enzimas de acordo com as características desejadas para cerveja.

Repouso proteico (50-55ºC)
Etapa importante quando trabalhamos com cereais ricos em proteínas, como maltes de trigo ou aveia, entre outros.
Destina-se à quebra de proteínas maiores em menores, e de peptídeos em aminoácidos, basicamente. 
Nesta fase atuam as peptidases e proteases.
Caso não trabalhemos com tais cereais ricos em proteínas, melhor procedermos diretamente à etapa de sacarificação.


Sacarificação (55-72ºC)
Etapa que se destina à quebra dos açúcares maiores em menores. 
A configuração final dos açúcares resultantes das quebras inferirá na fermentabilidade do mosto, no corpo e no teor de álcool da cerveja. 
O raciocínio é simples: se tivermos mais açúcares fermentáveis (quanto menores os açúcares, mais facilmente serão convertidos em álcool e CO2 pela levedura), numa condição ideal de fermentação, teremos ao final uma cerveja mais atenuada, com menos corpo e mais alcoólica; contrariamente, com mais açúcares não fermentáveis (açúcares de cadeias maiores que os fermentos não conseguirão metabolizar) teremos uma cerveja com mais corpo, menos álcool e maior dulçor.
Duas são as enzimas responsáveis pela etapa de sacarificação, a saber:


beta-amilase (55-65ºC)
Quebra as cadeias de amido lineares em açúcares menores, a partir das extremidades das mesmas, portanto gerando mais açúcares fermentáveis.
Trabalhando mais as beta-amilases, incrementaremos a produção de açúcares fermentáveis, por conseguinte teremos uma cerveja com condições de atenuar mais, mais alcoólica e com menos corpo.

alfa-amilase (68-72ºC)
Quebra as cadeias de amilase ou amilopectina de forma aleatória, tanto a partir das extremidades, gerando açúcares menores e mais fermentáveis, quanto no meio das cadeias, exceto nos nós, gerando açúcares maiores, dependendo do tamanho e tipo de levedura menos ou não fermentáveis.
Caso trabalhemos mais na faixa de temperatura das alfa-amilases, propiciaremos a formação de um mosto com maior diversidade de açúcares, muitos destes não fermentáveis, que ocasionarão uma cerveja mais doce, mais encorpada e menos alcoólica, pela não fermentação de mais açúcares.
Logo, dependendo do estilo da cerveja, trabalharemos mais ou menos com cada uma das enzimas responsáveis pela sacarificação, de acordo com as características pretendidas de fermentabilidade, de corpo e álcool.

Inativação das enzimas (75-79ºC)
Fase final da mostura que visa a parada da atuação enzimática, principalmente. Importante tomar cuidado para que não deixemos a temperatura ultrapassar a 80ºC durante esta etapa, para que não tenhamos uma extração acentuada de polifenóis, que darão adstringência à cerveja.


Antigamente, quando usados processos rudimentares de malteação, não tínhamos tão modificados os amidos e proteínas do malte como temos hoje, daí a necessidade de na mostura trabalharmos com outras faixas de temperaturas.
Era comum, assim, iniciar a brassagem a partir de 35ºC, para atuação da fitase, da beta-glucanase, das peptidases e das proteases, responsáveis respectivamente pela diminuição do pH, quebra dos glucanos, quebra dos peptídeos em aminoácidos, e das proteínas maiores em menores. Mas os maltes já chegam às nossas mãos bem modificados, não sendo necessário, e por vezes também não conveniente, trabalharmos com faixas de temperaturas abaixo da de repouso proteico, quando usarmos cereais ricos em proteínas, ou abaixo da de sacarificação, quando usarmos apenas malte de cevada.
Cabe frisar que se não trabalharmos com cereais ricos em proteínas, e ainda assim fizermos uma parada proteica longa, teremos uma quebra maior e continuada das proteínas, que ocasionará uma cerveja com menos corpo e com uma espuma menos consistente.
Por outro lado, caso utilizássemos cereais ricos em proteínas e não fizéssemos a parada proteica, teríamos maior turvação da cerveja e uma maior dificuldade para filtragem da mesma.
Logo, caso estejamos fazendo uma cerveja puro malte, sem malte de trigo, centeio ou aveia, entre outros ricos em proteínas, melhor passarmos direto para etapa de sacarificação, a fim de não comprometermos o corpo da cerveja, sua clarificação e espuma.

Concentração de amidos e proteínas
Não há dúvida de que a qualidade e quantidade do malte influirá na mostura e no produto final que queremos, a cerveja.
Assim, como visto logo acima, quando trabalharmos com cereais ricos em proteínas, por exemplo, melhor fazermos uma parada proteica, que deverá ser proporcionalmente maior de acordo com a quantidade do cereal rico em proteína. 
Se fizermos uma cerveja com mais malte, por exemplo uma barley wine, teremos mais amido a ser convertido em açúcares menores, logo, teremos uma mostura mais longa para conversão dos açúcares.

Teor de Cálcio
O cálcio é muito importante em várias etapas do processo cervejeiro, como na mostura, por exemplo, onde atua na regulação do pH, reagindo com fosfatos, e na garantia da ação enzimática da alfa-amilase, que na falta de cálcio perde atuação.

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Produção de Cerveja Artesanal e Defumada – artigo 01


A cerveja e a terceira bebida mais tomada no mundo, e duas são de malte, a cerveja e o Whisky .


A cerveja, para além de bem alimentar, servia também como remédio para certas doenças.

Um documento médico datado de 1.600 a.C. e descoberto nas escavações de um túmulo descreve cerca de 700 prescrições médicas, das quais cem contêm a palavra cerveja.

Como se sabe, a Idade Média era uma época onde as práticas sanitárias eram muito ruins, sendo mais seguro beber cerveja do que água.
De fato, o processo de produção fazia com que muitas das impurezas fossem filtradas e a água era fervida acabando com as bactérias, portanto, quem pudesse fazer a troca da água pela cerveja raramente hesitava.

Os antigos egípcios identificavam a cerveja como algo tão próximo as necessidades da vida, que a expressão ‘pão e cerveja’ queria dizer sustento em geral.
  
Tanto é que uma inscrição egípcia encorajava as mulheres fornecerem aos seus filhos em idade escolar duas jarras de cerveja e três pequenos pedaços de pão diariamente, a fim de assegurar seu desenvolvimento saudável.

 A cerveja também tinha um vínculo mais direto com a saúde, pois tanto os mesopotâmicos como os egípcios usavam-medicinalmente.

Uma tabuleta datada de cerca de 2.100 a.C., contém uma farmacopeia ou lista de receitas médicas baseadas na cerveja. É o registro mais antigo que ainda sobrevive do emprego do álcool na medicina.

No Egito, o uso da cerveja como sedativo moderado foi reconhecido, e foi também a base para várias preparações medicinais de ervas e especiarias.

Pureza da cerveja
Foi uma lei promulgada pelo Duque Guilherme IV da Baviera, em 23 de abril e 1516.
A lei da pureza da cerveja instituiu que a cerveja deveria ser fabricada apenas com os seguintes ingredientes:
1 -  água,

2 -  malte de cevada

3 - lúpulo. (PELETE)


4 - A levedura de cerveja (fermento) não era conhecida à época, hoje são usados para acelerar o processo, são classificados como fungos.


A pureza da cerveja é um dos mais antigos decretos alimentares da Europa. Proclamado este decreto, pelas Autoridade das Províncias, os Ducados da Baviera bem como no país, as cidades e os mercados, tinham regras que aplicavam na venda da cerveja.
Tipos de Cerveja:
Basicamente existe dois tipos de categoria de cerveja.
A ale – uma cerveja que fermenta no topo do recipiente fermentador eem temperaturas altas.
O larger – que vem de um termo alemão que significa armazenar, são cervejas que fermentam no fundo do fermentador em temperaturas baixas.
Cerveja defumada
A secagem do malte sobre uma chama aberta confere um caráter defumado ao malte. Esta forma de secagem da cevada para produzir o malte confere a cerveja produzidas um sabor defumado. 

Antes da era moderna a secagem do malte de cevada era a luz solar direta.
Apesar de o forno de secagem do malte ter sido usado, e onde o seu calor era indireto, mas não entrou em uso generalizado até a era industrial.
Além disso, tem havido vários métodos ao longo dos anos de preparação grãos de cereais para fabricação de cerveja.
A cerveja defumada não era universal.
A partir do século 18, a secagem do malte tornou-se progressivamente mais comum e, por meados do século 19, tornou-se o método quase universal para a secagem de grão maltado.
Uma vez que o método de defumação no forno do malte molhado, adicionava um sabor de defumação para os grãos e para a cerveja subsequente.
Como resultado, a defumação no sabor na cerveja tornou-se cada vez menos comum e, eventualmente, desapareceu quase inteiramente do mundo da fabricação de cerveja.

O sabor de cerveja defumada
Hoje no mundo existem poucas cervejas defumadas com o sabor personalizados.

A cerveja americana Alaskan Brewing e defumada e tem um sabor amadeirado de amieiro, na cerveja Pub & Brewery Vermont, os resultados são visivelmente diferentes, mas ambos têm um caráter distinto lenhoso junto com a própria fumaça.
Existe fornecedores de grãos defumados comercialmente, mas um sabor personalizado de defumação na cevada envolve dedicação e pesquisa, para uma receita que define um sabor de destaque na cerveja defumada. 
As melhores madeiras para uso são as mais duras, particularmente árvores de fruto e sem resinas.
Alder é uma madeira para defumação tradicional do noroeste do Pacífico, usada para defumar peixes e caça, no Brasil usamos as podas de laranjeiras, goiabeiras e flamboyant do mato.
Em Nova Inglaterra são propensos a usar madeiras regionais, como a bordo, macieiras e arvore de cereja, conferiria um sabor agradável (uísques escoceses e portos e xerez são muitas vezes envelhecidos em carvalho; as cubas são limpas e queimadas no seu interior.
Qualquer que seja a madeira que você escolher, você pode usar um defumador comercial (como o usado para churrasco, defumados e similares).
Defumação em defumador
Espalhe a quantidade desejada de malte em uma tela de metal (como uma tela da janela de idade) e coloque sobre a fumaça, mas não sobre o próprio fogo, O diferencial está em encontrar o equilíbrio. Você precisa para manter o fogo aceso, mas não pode ficar muito quente, ou entrar em contato direto com o grão, ou você vai acabar com carvão vegetal em vez de malte defumado.
O malte ocasionalmente com água, coloque-o cuidadosamente com uma espátula de metal larga no meio do caminho, feche a tampa se sua grade tem uns cinco a dez minutos será suficiente para um sabor levemente enfumaçado, vinte a trinta seria o máximo que eu recomendo mesmo para uma defumação muito intensa.
Para produzir uma boa cerveja ainda em nível artesanal alguns passos são importantes:
1.    Uma receita e o tipo de cerveja a ser produzida,
2 A escolha dos equipamentos e a quantidade em litros para produção,
3 o melhor malte acessível, no caso do Brasil o do Paraná.
4 A melhor água e a medição do Ph
5 O melhor lúpulo para sua receita de cerveja.
6 O fermento cervejeiro,
7 o tipo de fermentador,
8 Os tipos de garrafas para armazenagem e suas tampas,
9 O tipo de equipamento que mantenha a temperatura compatível com a receita
10 Espaço para armazenamento da produção.

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